11 de set. de 2012

As três moças de Encruzilhada - Mário Quintana


As três moças de Encruzilhada Era uma vez três moças que moravam na florescente cidade de Encruzilhada. E, como eram três moças muito sérias, faltava-lhes o senso de humor e tomavam ao pé da letra o nome de sua cidade natal. E nunca sabiam onde ir, o que fazer, o que responder...
Para acabar com essa dúvida atroz, depois de infindáveis hesitações, resolveram o seguinte: a primeira sempre diria “sim”, a segunda que não e a terceira responderia com ar sonhador:
— Talvez...
Ora, um dia a Morte apareceu à primeira, e a moça disse que sim.
 A Morte a levou.
No outro dia a Morte apareceu à segunda e esta disse que não.
— Como ousas contrariar-me? — a Morte retrucou. — Eu sou a única Potestade do Céu e da Terra a quem ninguém pode dizer “não”.
E levou a moça. Enfim, no terceiro dia, a Morte apresentou-se à última das três — e a moça ficou olhando, olhando a cara da Morte e finalmente suspirou:
— Talvez...
E a Morte retirou-se, danada da vida.

(Da Preguiça como Método de Trabalho)

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